Coordenadoria
de Gestão da Educação Básica – CGEB
Gabinete
do Coordenador
Praça
da República, 53 – Centro – São Paulo – CEP: 01045 – 903
Ação de Formação do Ensino
Fundamental/Anos Iniciais - Ler e
Escrever
3º.
Encontro com Professores Coordenadores – PC
D.E. Leste 4
Grupos 1 Data 04/04/2013 Horário: 8:30 às 17:30
Formadora: Marly Barbosa marlybarbos@uol.com.br
Objetivos do Encontro:
.
·
Refletir sobre o
que é a reescrita e sobre as condições didáticas para o trabalho com esta
atividade.
·
Participar de uma
atividade de reescrita refletindo sobre o processo de produção de textos e os
conteúdos nele envolvidos.
·
Estudar o documento
de orientações didáticas para as novas expectativas (reescrita).
·
Elaborar pauta de
formação para ATPC tendo em vista formar
os professores para o trabalho com
produção de texto.
Conteúdos
·
Prática de produção de texto: reconto e
reescrita.
·
Papel
do professor na organização das propostas de produção de texto para os alunos.
·
Estratégias
formativas.
IMPORTANTE: trazer
os Guias do 5º e 3º ano para consulta aos projetos de reescrita: Lendas e Quem
conta um conto.
1ª
Atividade: Leitura pela coordenadora. Mito: O dono da luz – material do 5º ano.
Indicações literárias:
2ª
Atividade - Leitura do registro
reflexivo:
3ª. Atividade - Retomada do trabalho pessoal
1. Na
ATPC: realizar os ATPC do mês com
foco no trabalho com produção de textos, registrar e trazer um dos registros
para a formadora. Verificar quem já fez, fazer um apanhado geral com orientações.
2. Reflexão
sobre reescrita.”Por que
trabalhar com reescrita quando se pretende ensinar a produção de texto?
Apresentar a síntese dos que entregaram a tarefa e acrescentar outras
informações. Reservar para retomar posteriormente.
4ª Atividade: Reescrita do texto: o dono
da luz.
Encaminhamento
A. Explicar ao
grupo que, na formação, faremos a sequência completa do trabalho com produção
de texto: passando pelo reconto e reescrita, revisão e produção de texto de
autoria, com retomada da revisão.
B. Reler o texto,
a ser reescrito e discutir sobre o seu conteúdo: tanto do ponto de vista da
compreensão quanto da apreciação da linguagem.
C. Listar os episódios.
D. Realizar o
reconto.
E. Iniciar a
reescrita pelo ditado à formadora e depois continuar em duplas. Nos dois momentos
haverá uma pessoa com o papel de registrar os procedimentos dos produtores do
texto.
F. Socialização
das produções e das notas dos observadores.
G. Reflexão:
que conteúdos da prática de produção de textos foram trabalhados nesta
atividade?
5ª Atividade
– Estudo do documento de Orientações didáticas para as expectativas de
aprendizagem PP. 32 e 42 reconto e reescrita.
Encaminhamento
1.
Em pequenos grupos discutir as questões:
v
Qual o objetivo do reconto? O que se pretende ensinar com ele?
v
Quando se reconta, deve-se recontar o texto inteiro? Considere os
alunos dos diferentes anos. Justifique?
v
Deve-se fazer a reescrita no mesmo dia em que se faz o reconto?
v
Que textos são bons para reescrever?
v
O que se ensina quando se trabalha com reescrita?
2.
Socializar com notas da reflexão.
3.
Estudar o documento: Orientações didáticas para o trabalho com as
expectativas, retomar as notas com a reflexão do grupo realizada no trabalho
pessoal e as respostas às perguntas feitas no item 1, reelaborar as notas sobre
os aspectos relevantes da discussão.
6ª. Atividade – Pensando na formação - Análise do material do
aluno.
v
Em grupos analisar os textos do caixeiro viajante (presente no
material do PIC/RI Projeto Contos de assombração e o conto: A princesa e o grão
de ervilha (do material do 3º ano vol. 2). Propor uma pauta de ATPC com estes
materiais, de modo a ajudar o professor
no trabalho com a reescrita em sala de
aula. Registrar para compartilhar e entregar.
v
Socializar
com ponderações da formadora. Explicar que o material será analisado e
retomaremos no próximo encontro.
7ª Atividade - Pensando na formação parte 2
Encaminhamento
v Coletivamente, recuperar o texto:
“Os caminhos para a formação de professores”, Revista Nova Escola, 2009.
Entregue há dois encontros para estudo.
v Discutir em grupos: em que medida
o encontro de hoje conversa com o conteúdo deste texto?
v Socializar com ponderações.
Trabalho Pessoal
1.
Revisitar
os textos: o processo de produção de textos e o contexto de produção de textos,
ambos de Bräkling.
2.
No
ATPC: planejar sua pauta sobre produção de textos, realizar e registrar o
processo. Selecionar duas PC para entregar o registro.
Anexo 1 Leitura para reconto e reescrita
O baile do
caixeiro-viajante
Reginaldo Prandi.
Sábado é
dia de baile, tanto na roça quanto na cidade.
Numa cidade
pequena do interior o baile é sempre um grande acontecimento. Melhor situação
para namorar e para arranjar namorado não tem.
O sábado é
um dia muito propício para o nascimento de grandes amores. Pois foi num baile
de sábado que o moço de fora apaixonou-se por uma donzela da terra. Foi mais ou
menos assim que aconteceu.
Leôncio,
sim, era esse o seu nome, conheço bem
sua incrível história de amor.
Leôncio era
um caixeiro-viajante da capital e vinha à cidade uma vez por mês prover de
mercadorias as vendas do lugar. Ia e voltava no mesmo dia, mas houve algum
problema com sua condução e daquela vez ele teve que dormir na cidade.
Cidade pequena, sem muitos
atrativos, o que se poderia fazer à noite para distração?
Era dia de
baile na cidade, um sábado especial, e uma orquestra de fora tinha sido
contratada.
O moço do
hotel que servia o jantar comentou:
— Seu
Leôncio, este baile o senhor não pode perder.
E não podia
mesmo, mal sabia ele.
Leôncio
mandou passar o terno e foi ao baile.
Gostava de
dançar, sabia até dar uns bons passos, mas era tímido, relutava em tirar as
moças.
Passou boa
parte do tempo de pé, apreciando, bebericando um vermute só para ter o que
fazer com as mãos.
Por volta
de meia-noite sentiu que chegava o sono e pensou em se retirar.
Foi quando viu Marina entrar
no salão. Ficou sabendo depois que seu nome era Marina.
Marina
chegou só e, ao entrar, passou junto a Leôncio. Bem perto dele ela parou e se
virou para trás.
— Oh!
Deixei cair minha chave no chão.
Ela falava
consigo mesma, distraída que estava, mas para Leôncio, que tudo ouviu
atentamente, suas palavras funcionaram como uma deixa. Ele se abaixou
rapidamente, pegou a chave do chão e a estendeu à sua dona.
Antes que
ela dissesse qualquer coisa ele falou:
— Pode
agradecer com uma contradança, senhorita.
— Marina,
meu nome é Marina. Sim, vamos dançar.
Dançaram
aquela contradança e mais outra e outras mais. Dançaram o resto da noite, até o
baile terminar.
Parecia que
os dois eram velhos parceiros de dança, tão leves e tão graciosos eram seus
passos.
Leôncio se
sentia completamente enlevado, como se o encontro com a bela dançarina fosse um
presente enviado pelo céu. Presente que ele nem merecia, chegou a pensar.
Agradeceu à providência ter permanecido na cidade.
Já nem
queria ir embora no dia seguinte. Em nenhum momento Marina fez menção de o
deixar para encontrar amigos ou conhecidos no salão. Ele tinha a sensação de
que ela fora ao baile só por ele, de que era com ele que queria dançar a noite
toda.
Não teria
namorado, noivo, marido?
Muitas
paixões chegam enquanto se dança.
Leôncio
apaixonou-se por Marina ao dançar com ela.
Então, a
orquestra tocou a música de encerramento e o baile acabou, já era alta
madrugada.
Leôncio
insistiu em acompanhar a moça até sua casa. Ela aceitou a companhia, era perto,
iriam a pé.
Estava frio
lá fora, uma fina garoa molhava as calçadas. Na portaria do clube Leôncio pegou
a capa que tinha deixado ali guardada. Ele tinha uma capa da qual nunca se
separava. Viaja a muitos lugares diferentes, enfrentando os climas mais
imprevisíveis. A capa era sempre o abrigo garantido.
Leôncio
ofereceu a capa à companheira para que se protegesse do mau tempo.
— Para você
não se resfriar, faz frio.
Ela
aceitou, vestiu o sobretudo e os dois foram andando pelas calçadas.
Caminhavam de mãos dadas, como
namorados, falavam pouco, só o essencial.
Próximo à
saída da cidade, a moça disse ao caixeiro-viajante:
—
Despedimo-nos aqui.
E explicou
por quê:
— Não fica
bem você ir comigo até onde moro.
— Está bem,
como quiser – ele consentiu.
Começando a
despir o sobretudo, ela disse:
— Leve sua
capa.
— Não,
fique com ela. Está frio.
E
completou:
— Depois
você me devolve.
Era difícil
para Leôncio deixar a moça ir, mas havia a possibilidade do amanhã e do futuro
todo.
Ele propôs,
com o coração na mão:
— Amanhã,
às oito da noite, em frente à matriz?
Ela
assentiu e o beijou.
A garoa
fria tinha se transformado em densa neblina, mal se vislumbrava a luz dos
postes de iluminação.
O silêncio
reinava soberano.
Um cão
uivou ao longe.
Leôncio viu
Marina desaparecer na bruma da madrugada. Com as mãos nos bolsos e o corpo
retesado pela friagem, o caixeiro retornou ao hotel.
O dia
seguinte foi de grande ansiedade, mas finalmente a noite chegou para Leôncio.
Muito antes da hora marcada lá estava ele em frente à igreja esperando por
Marina. Só quando o relógio da matriz bateu doze badaladas Leôncio aceitou com
tristeza que ela não viria mais. Temeu que alguma coisa grave tivesse
acontecido. Tinha certeza de que ela gostara dele tanto quanto ele gostara
dela.
Alguma
coisa grave teria acontecido.
Ele ia
descobrir.
Era tarde e
só restava ir dormir, mas na manhã seguinte, mal se levantou, já foi
perguntando pela moça. Na rua, no largo da matriz, em todo lugar, interrogava
sobre a moça e nada.
Estranhamente
ninguém sabia dizer quem era ela. Numa cidade pequena todo mundo se conhece,
todos sabem da vida de todos, todos se controlam, vigiam-se uns aos outros. A
fofoca é cultivada como se fosse uma obrigação, como se representasse um dever
cívico.
Uma linda
moça da cidade vai ao baile desacompanhada, dança a noite toda com um
desconhecido e ninguém sabe quem ela é?
Ele
continuou perguntando por sua dançarina. Foi aos armazéns e lojas que tinha
como clientes, descrevia a moça, dizia seu nome e ninguém sabia dizer quem era
a donzela.
— Aquela
com quem dancei ontem a noite toda.
Ninguém
tinha visto.
Desanimado,
voltou para sua hospedagem.
Então um
velho se apresentou, era um empregado do hotel, empregado que Leôncio nunca tinha
visto, nem nessa nem em outras estadas na cidade. Era alto, magro e de uma
palidez desconcertante.
O velho
empregado do hotel lhe disse:
— Moço,
conheci uma tal Marina igualzinha à sua.
E
completou, baixando a voz respeitosamente:
— Mas ela
está morta, morreu há muito tempo.
Disse que a
moça pereceu num desastre de carro, quando estava fugindo para se casar com um
caixeiro-viajante, casamento que a família dela não queria, de jeito nenhum.
Leôncio
ficou chocado com a história, que absurdo! Imaginar que se tratava da mesma
pessoa!
— Nem
pensar. Eu a tive nos braços a noite toda!
Mas o velho
funcionário insistiu:
— No túmulo
dela tem a fotografia, quer ver?
— Não pode
ser, é um disparate, mas quero ver.
O velho não
se fez de rogado.
Em poucos
minutos estavam os dois subindo a ladeira que levava ao afastado cemitério da
cidade.
Com a
cabeça girando, cheio de dúvidas e incertezas, Leôncio se perguntava:
— O que é
que eu estou fazendo aqui?
Chegaram ao
portão do campo-santo e o velho disse a Leôncio que entrasse sozinho. Não
gostava de cemitérios, desculpou-se. Explicou como chegar ao túmulo da moça,
despediu-se com uma reverência e foi embora.
Não foi
difícil para o caixeiro-viajante encontrar a campa que seu acompanhante
descreveu com precisão.
A tardinha se
fora, escurecia, a noite já caía sobre o cemitério. A neblina voltava a descer
e esfriara um pouco. Leôncio sentia frio, tremia, mas podia enxergar
perfeitamente.
Estava de
pé diante da tumba. E o retrato da defunta que ali jazia era mesmo o dela.
“Aqui descansa em paz Marina, filha querida”, era o que dizia a inscrição em
letras de bronze, havia muito tempo enegrecidas, fixadas sobre o mármore gasto
da lápide mortuária.
O olhar
aturdido de Leôncio desviou-se do retrato, não queria ver mais o rosto amado
aprisionado na pedra pela morte. Triste desdita a do viajante, havia mais coisa
para ver ali.
Uma
tragédia nunca se completa sem antes multiplicar o desespero.
O olhar de
Leôncio subiu em direção à parte alta do sepulcro.
Na
cabeceira do jazigo estava uma peça que lhe era bastante familiar.
Sentiu um
calafrio lhe percorrer a espinha, tinha as pernas bambas, o coração disparado.
Aproximou-se
mais do túmulo para ver melhor.
Estendida
sobre a sepultura, à sua espera, repousava sua inseparável capa.
Fonte:
Minha querida assombração, de Reginaldo Prandi.
(São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2003), Consta
do material do RI/PIC.
Anexo 2
O contexto de produção de texto
Anexo 3
O processo
de produção de texto.
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