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terça-feira, 19 de março de 2013

SUGESTÃO DE PAUTA 3º DIA DE PLANEJAMENTO


SUGESTÃO ENVIADA PELOS PCS DA EE. OSWALDO ARANHA.
 

  


PAUTA DO 3°. DIA DE PLANEJAMENTO COM PROFESSORES
18/03/2013

OBJETIVO:
ü  Discutir e refletir as práticas pedagógicas ineficientes propondo ações didáticas que promovam a obtenção de melhores resultados na condução do processo ensino e aprendizagem.

CONTEÚDOS:
ü  Interpretação e análise dos Mapas Comparativos de Sondagem de Escrita 2011/ 2012/ 2013;
ü  Interpretação e análise dos Mapas Comparativos de Produção Textual 2011/ 2012/ 2013;
ü  Interpretação e análise das dificuldades apresentadas no SARESP do 3°. Ano / 2012;
ü  Propostas de ações didáticas;
ü  Planejamento das aulas com base em habilidades e competências (objetivos, estratégias, conteúdos, metodologia, seleção de conteúdos, estratégias, critérios de avaliação, etc), registros das mesmas (elaborar semanário e portfólio dos alunos);
ü  Cronograma de entrega dos registros referentes ao trabalho pedagógico.

METODOLOGIA:

1)        Dinâmica de Socialização “Bola em círculo” – Regina Bratfisch Simionato
2)        Fazer um diagnóstico e descobrir o que os alunos aprenderam e o que não aprenderam para propor ações que assegure oportunidades de aprendizagem dos alunos por meio da análise dos gráficos de escrita e produção texto.
3)        Sugerir, com base nas observações, procedimentos que promovam a obtenção de melhores resultados na condução do processo ensino-aprendizagem como: frequencia dos alunos às aulas, preparo meticuloso das aulas, estabelecimento de objetivos a serem avaliadas a cada aula, aulas dialogadas para vinculação dos conteúdos à realidade dos alunos, intervenções adequadas e focadas nas dificuldades dos alunos, entre outros.
4)        Explorar espaços e materiais existentes na escola para desenvolver as aulas, dinamizando-as e diversificando as estratégias.
5)        Assegurar, junto com a equipe, ambientes alfabetizadores na unidade escolar.
6)        Proposta dos Professores de Educação Física e Arte.

Professores Coordenadores Pedagógicos dos Anos Inciais

Irenita Terezinha

Marcos Catarino

segunda-feira, 18 de março de 2013

SUGESTÃO DE PAUTA PLANEJAMENTO- ELIANE CLEMENTE


Pauta de planejamento 18/03/2013
Leitura pela PC.
 O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? Perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)
Objetivos: Retomar plano de curso entre seus pares, retomar discussões acerca dos registros dos professores (semanários, portfólios e ocorrências bem como postura em sala de aula e cumprimento dos deveres em grupo e individuais), retomar projetos da escola e projeto de recuperação com professor auxiliar ou não.
Conteúdos: expectativas e modelos em mãos
Atividades: término da realização do plano de curso ao menos semestral.
Dinâmica da palavra: Estou com uma palavra nas mãos e vou dar dicas para ______acertá-la.

PAUTA 1- PROGRAMA LER E ESCREVER


Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Estado da Educação
Coordenadoria de Gestão da Educação Básica – CGEB
Gabinete do Coordenador
Praça da República, 53 – Centro – São Paulo – CEP: 01045 – 903

Ação de Formação do Ensino Fundamental/Anos Iniciais - Ler e  Escrever           
1º. Encontro com Professores Coordenadores – PC
D.E.  Leste 4
 Grupos 1 e 2                         Data 14/03/2013                     Horário: 8:30 às 17:30

Formadora: Marly Barbosa                                              marlybarbos@uol.com.br

“Não se pode escrever nada com indiferença”.

Simone de Beauvoir

Objetivos do Encontro

o   Socializar alguns aspectos da avaliação realizada no final do ano.
o   Analisar atividades de produção escrita, quanto às finalidades de ensino da  produção de texto e o processo de aprendizagem do aluno.
o   Refletir sobre a importância da definição do contexto de produção de textos nas atividades propostas ao aluno.
o   Relacionar as expectativas de produção de texto com as necessidades formativas da escola.
o   Elaborar encaminhamentos para a formação em ATPC tendo em vista formar  os professores para o trabalho com  produção de texto.

Conteúdos
o    Prática de produção de texto: contexto de produção.
o   Papel do professor na organização das propostas de produção de texto para os alunos.
o   Expectativas de aprendizagem de produção de texto.

1ª Atividade: Leitura pela formadora – Madame Bovary – Auguste Fraubert
Indicações literárias: refletir sobre a mulher na literatura. Livros: O violino Cigano de Regina Machado, A moça tecelã, Contos do Câmara Cascudo, Contos de fadas...

2ª Atividade: Leitura do registro reflexivo

3ª. Atividade: Devolutiva da avaliação da formação/acompanhamento realizados em 2012 . PPT.
Encaminhamento
Ø  Apresentar um breve comentário sobre a avaliação em dois aspectos: os problemas/dificuldades, as contribuições da formação e as necessidades de aprofundamento.

4ª Atividade: Retomada do estudo das expectativas / socialização
Encaminhamento
Ø  Em grupos, retomar a reflexão sobre a questão: que critérios sua unidade escolar adota para organizar o trabalho de produção de textos nos diferentes anos de escolaridade?

Ø   Considerando as expectativas de produção de textos. O que o aluno deverá saber? Como?

    • Socialização e registro

5ª Atividade: Retomada do trabalho pessoal  - “O ajuste do texto ao contexto de produção” Bräkling & Garcia2012  Parte 1
Encaminhamento
Coletivamente, retomar o estudo do texto: “O ajuste do texto ao contexto de produção” Bräkling & Garcia 2012 a partir da transcrição do momento em que a mãe conversa com a filha, em casa. Discutir
1.    A consigna dada pela professora foi: “Escrever um texto sobre sustentabilidade”. De que maneira a professora que elaborou essa consigna acredita que os alunos aprendem a produzir textos?
2.    Registrar no quadro, a seguir, o movimento da Clara e o da mãe durante a realização da lição de casa.


Ações da Clara
Ações da mãe






















3.Em pequenos grupos discutam:
Ø  O que essas ações revelam sobre o processo de produção de um texto? Justifique com informações do texto.

Ø  Socializar com destaques do texto.

6ª Atividade – Estudo do texto “O ajuste do texto ao contexto de produção - parte 2
Encaminhamento
Em grupos, observe a situação de produção entregue pela formadora ao seu grupo e responda:
Ø  De acordo com a consigna da atividade, qual tarefa deveria ser realizada pelo aluno?
Ø  Que condições podem ter sido oferecidas aos alunos para que realizassem a tarefa?
Ø  Considerando essas informações, que tipo de saberes cada proposta parece considerar fundamental para que se aprenda a escrever?
Ø  O que os alunos demonstram saber? (Responda nos casos em que houver atividade do aluno).

Ø  Socialização da análise dos grupos

7ª Atividade – Pensando na formação dos  professores
Coletivamente discutir algumas possibilidades de trabalho com o conteúdo contexto de produção de texto, na ATPC, a partir das notas que fizeram no trabalho pessoal e das discussões do encontro.

Trabalho Pessoal

1.Estudo da reportagem: “Os caminhos para a formação de professores” Revista Nova Escola, junho de 2009.  (anexo ).

2.Reflita sobre a questão, a seguir, e escreva um comentário para expor a seus colegas e entregar para a formadora.
·         Por que trabalhar com reescrita quando se pretende ensinar a produção de texto?
3.Retome o estudo do texto: “O ajuste do texto ao contexto de produção” Bräkling & Garcia 2012.










Propostas de produção de textos para análise                                     Anexo 1
Proposta 1
AGORA VEJA O QUE PEDRINHO ESCREVEU SOBRE O LIVRO PARA QUE SEUS AMIGOS FICASSEM COM VONTADE DE LÊ-LO.
[...]
LEIA O  TEXTO DO LIVRO “BRANCA DE NEVE” E FAÇA COMO PEDRINHO: ESCREVA UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA PARA DEIXAR SEUS AMIGOS MORRENDO DE VONTADE DE LÊ-LO.

Proposta2
ATIVIDADE COM IMAGEM
Proposta 3 Atividade de produção PIC
Propostas 4
Escreva uma história que comece assim: “Era uma noite fria e chuvosa, com relâmpagos estalando no céu. Os pais do Marquinhos haviam saído e ele estava sozinho em casa com sua irmã, que dormia tranqüila na cama ao lado. De repente
 (Professor: depois de escritos os textos você poderá organizar uma coletânea de histórias.
Complete a história
__________________________________
Sexta, Caio foi ao cinema. O filme contava a história de uma aventura espacial.  Ele voltou para casa muito impressionado.
À noite, quando pegou no sono, sonhou que...
Anexo 2

Quadro das expectativas de produção


Leitura para o trabalho pessoal                                                   Anexo 3

Os caminhos para a formação de professores[1]

Formar os professores é a principal função do coordenador pedagógico. Veja as melhores estratégias para cumprir essa missão

Dentro da escola, a função de coordenador pedagógico nem sempre é bem delimitada. Muitos acham que o profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor para as questões burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os problemas disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do cargo quase sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do coordenador: fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de aula para que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho: realizar a formação continuada dos docentes da escola.
A confusão sobre as tarefas do coordenador – em muitas redes também chamado de orientador ou supervisor pedagógico – está relacionada a concepções diferentes sobre a maneira como ele se torna um bom profissional. Há quem acredite que ensinar é uma vocação e, por isso, o “dom” nasceria com a pessoa. Outros afirmam que ele aprende por tentativa e erro, acumulando experiências de sala de aula. E ainda existem os que defendem que o domínio do “como ensinar” vem da mera reprodução de roteiros prontos de aulas e de atividades. A necessidade de haver formação continuada só surge quando o professor é visto como um profissional que deve sempre aperfeiçoar sua prática ao fazer um trabalho de reflexão sobre ela e tem contato com o conhecimento didático. É aí que surge o papel de formador do coordenador pedagógico, que se torna imprescindível para orientar esse processo.
Para bem cumprir a função, ele deve estar sempre atualizado (o que significa estudar muito) com as didáticas específicas – compostas dos saberes sobre os conteúdos, da forma de ensinar cada um deles e da maneira como as crianças aprendem. As pesquisas sobre elas costumam ser divulgadas em seminários, livros, internet e em diversas reportagens publicadas pela revista NOVA ESCOLA. É com esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os encontros de formação. Nele, ele tem dois principais caminhos a percorrer: o da dupla conceitualização e o da tematização da prática. Ambos você conhecerá em detalhes nesta reportagem.

Dupla conceitualização
Essa estratégia surgiu dentro da didática da Matemática e os programas de formação mais atualizados estão fundamentalmente apoiados nesse tipo de intervenção. Ela recebe esse nome por permitir que, durante a formação, ocorram paralelamente dois aprendizados: sobre o objeto de ensino e sobre as condições didáticas necessárias para que os alunos se apropriem dos conteúdos, conforme explica a educadora argentina Delia Lerner no livro Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Outras áreas também começaram a usá-la, com destaque para Leitura e Escrita, na década de 1990.
Dupla Conceitualização

É a estratégia que permite dois aprendizados simultâneos: sobre o objeto de ensino e sobre as condições didáticas para ensiná-lo.
A dupla conceitualização envolve duas etapas principais. Na primeira, o coordenador propõe uma atividade desafiadora para os professores. O objetivo é fazer com que eles vivenciem a situação de aprendizagem e identifiquem os conhecimentos que estão em jogo para ensinar determinado conteúdo. Se o tema da formação é o desenvolvimento da competência escritora, é possível propor ao grupo a produção de um texto e, durante o processo, fazer as intervenções necessárias usando os procedimentos envolvidos na construção textual, como o planejamento e a revisão. “Durante essa fase, o formador pode reconceitualizar os conteúdos, tornando observável o que os professores têm de ensinar. No caso da escrita, as intervenções devem mostrar que o conteúdo em jogo não é uma fórmula para ensinar e produzir os diferentes gêneros, mas a construção de competências leitoras e escritoras no aluno”, explica Paula Stella, coordenadora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
Na segunda etapa, o formador mostra como ensinar. Com base na atividade feita pelo grupo, ele promove uma discussão sobre as condições proporcionadas para realizá-la, a maneira como foi feito o planejamento, as intervenções do coordenador e o motivo de elas terem sido usadas – e levanta hipóteses sobre como ensinar determinado conteúdo. No fim, os professores devem ser capazes de planejar um plano de aula ou uma sequência didática para os alunos dentro da perspectiva estudada. “Apesar de serem mais difundidas na Matemática e na Leitura e Escrita, as situações de dupla conceitualização podem ser adaptadas à reflexão sobre o ensino de qualquer disciplina desde que sejam garantidas as duas etapas: a reconceitualização do conteúdo e o modo de ensiná-lo”, afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.
Há alguns anos, Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de Educação, utiliza essa prática com sucesso durante os cursos de formação de professores e coordenadores pedagógicos que realiza em 30 municípios baianos: “Uso essa estratégia quando percebo que os professores desconhecem os conteúdos ou têm uma visão equivocada sobre eles”. Foi o que ela fez ao constatar que os professores do Ensino Fundamental tinham dificuldade em desenvolver procedimentos de estudo e, consequentemente, não sabiam como ensinar os alunos a estudar e a interpretar textos longos e complexos. Ela resolveu realizar uma situação de dupla conceitualização para que os docentes também aprendessem a fazer resumos, uma das maneiras mais eficientes de estudar (leia o depoimento de Neurilene abaixo).
Aprender e ensinar
“Em um curso de formação, incluí uma situação de dupla conceitualização para que os professores aprendessem a resumir e, com isso, pudessem ensinar os alunos como estudar. Levantei as dúvidas e selecionei vários textos sobre como ensinar a ler para estudar, que serviram como referenciais teóricos sobre o objeto de ensino, ao mesmo tempo em que era preciso interpretá-los e resumi-los. Previ a organização do grupo em duplas, momentos de leitura e de tomada de notas, discussão sobre as abordagens de cada autor e a escrita de resumos, que seriam lidos pelos colegas. Na segunda etapa, analisamos os procedimentos usados e as intervenções feitas por mim que tinham ajudado na execução da atividade.”
Eles conseguiram identificar algumas, e outras eu precisei explicitar. Com base no que tínhamos discutido, elaboramos uma sequência didática para ensinar os alunos a estudar.”
Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de Educação, de Salvador
Tematização da prática
“Tematizar significa retirar algo do cotidiano, fazer um recorte da realidade, para, então, transformá-lo em objeto de reflexão. É teorizar”, explica Telma Weisz, professora, pesquisadora e uma das pioneiras na introdução dessa estratégia no Brasil.
Antes de tematizar sobre a prática, é preciso capturá-la na forma de relatos e registros. Na primeira categoria, estão as escritas profissionais, como os relatórios e os diários de classe elaborados pelos professores. É importante ter clareza de que os relatos são sempre uma impressão da realidade, condicionada pelos saberes prévios de quem os produziu. Com base neles, é possível ter acesso às concepções dos professores. Já os registros são a documentação da prática que não passa pelo filtro ou pela interpretação de um relator. Aí estão as gravações feitas em vídeo ou áudio de uma aula e a observação em sala feita pelo coordenador pedagógico. Por não passarem por interpretação, eles permitem saber o que de fato ocorreu durante a interação entre aluno e professor. Por fim, essa ferramenta também pode ser usada tendo como base o planejamento de projetos didáticos e institucionais, sequências didáticas, planos de aula, rotina, portfólios dos alunos e até o projeto pedagógico – documentos que, ao serem elaborados em parceria entre professores e formadores, possibilitam a tematização em tempo real.
Para que ela aconteça de forma satisfatória, algumas condições básicas precisam existir. Devem ser usadas boas práticas como modelos para análise e discussão. Eles podem ser conseguidos dentro da própria escola ou trazidos de fora. Caso o professor que terá seus registros estudados seja da equipe, ele deverá aceitar os objetivos didáticos da tematização, estar consciente dos ganhos que terá no processo e concordar em socializar seus escritos com os colegas. Esse planejamento é fundamental para que a estratégia não se torne um julgamento da prática sem resultados formativos. “Não adianta registrar uma situação inadequada para dizer aos professores o que não funciona. É preciso ser afirmativo. O ideal são situações das quais seja possível extrair a teoria previamente estudada e os procedimentos aplicáveis a outras situações da mesma natureza”, ensina Regina Scarpa.
Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, em São Paulo, faz a formação continuada para os professores especialistas do segundo ciclo do Ensino Fundamental: “Como eles já dominam bem os conteúdos das respectivas áreas, é imprescindível que eu estude as didáticas específicas de cada disciplina para ajudá-los a melhorar a maneira de ensinar”.
Em uma atividade de Geometria para o 9º ano, Ivone usou os relatórios dos professores para fazer a tematização da prática. “Notei, durante os encontros de formação, que muitos tinham dificuldade em fazer intervenções quando a turma estava trabalhando com a resolução de problemas que exigiam dedução e muitos simplesmente nada faziam”, conta ela (leia mais no depoimento abaixo).
Registros reveladores
“Usei os relatórios das aulas de Geometria para discutir com os professores como intervir quando os alunos estão trabalhando com processos dedutivos. Primeiro, montamos uma sequência didática que levasse as turmas do 9º ano a chegar a alguns conceitos. Nela estavam previstos os agrupamentos que seriam feitos e os conhecimentos que os alunos precisariam ter. Li muito sobre processos dedutivos antes de analisar os relatórios dos professores, que revelavam a atuação deles e os momentos em que tinham dificuldade de intervir. Verificamos que os alunos percebiam que os ângulos inscritos em uma semicircunferência eram retos, mas eles não sabiam explicar o porquê. Concluímos, então, que aqueles eram os momentos certos para a interferência: quando eles demonstrassem precisar de mais informações para progredir.”

Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, de São Paulo
De todos os tipos de registro, a gravação em vídeo é considerada a que tem o maior potencial formativo. “Ela permite que a prática seja analisada como ela realmente acontece, sem o viés interpretativo ao qual os relatórios estão sujeitos”, afirma Paula Stella, do Cedac. Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, em São José dos Campos, a 100 quilômetros de São Paulo, usa com frequência o vídeo para fazer a formação continuada das professoras de sua escola, que ocorre duas vezes por semana, em encontros de duas horas e meia. No começo do ano, ela planeja com toda a equipe a rotina para a creche e a pré-escola. Está prevista a realização de várias rodas de leitura, brincadeiras no parque e cantos de atividades diversificadas. “Por meio da observação da sala de aula, percebi que o que propusemos inicialmente não estava funcionando na maioria das salas. O problema estava na gestão do tempo e do espaço durante os ‘cantinhos’: algumas professoras ultrapassavam o tempo estipulado – fazendo com que a maioria das crianças ficasse cansada – ou tentavam ensinar conteúdos em um momento que deve ser de livre escolha”, relata Leninha, como é conhecida na escola. Os cantinhos são organizados com jogos, livros e brinquedos e têm como objetivo estimular a autonomia dos pequenos, que devem escolher onde querem ficar.
Depois de identificar onde estava o entrave, a coordenadora pedagógica foi atrás de um bom modelo. Encontrou-o dentro da própria equipe e decidiu que seria com ele que faria a tematização da prática. “Uma das professoras era muito organizada e criativa nas propostas, sabia como encaminhar as atividades e gerir a sala de uma maneira eficiente e concordou em compartilhar a experiência com as colegas. Juntas, fizemos um planejamento combinando que gravaríamos diferentes propostas, já prevendo as possíveis intervenções que seriam feitas. Gravei meia hora só com as atividades diversificadas que ela fazia com os pequenos”, conta Leninha (leia o depoimento dela abaixo).
Bons modelos
 “O vídeo foi importante para discutir com as professoras como trabalhar com os cantos temáticos. Gravei as intervenções de uma delas, que tinha um bom procedimento, para ser a base da discussão. Durante a exibição, refletimos sobre como foram feitas a organização da sala e a seleção dos materiais e a maneira de receber as crianças. Pudemos também analisar o papel das intervenções da professora. Discutimos as condições criadas para que os alunos encerrassem as atividades na hora prevista e guardassem os materiais – muitas professoras que estavam em formação tinham dificuldade nessa finalização. A observação do registro em vídeo foi útil para o grupo ter contato com um bom modelo de organização dos cantos. Outra grande lição foi que as educadoras precisavam controlar a ansiedade para não dirigir todas as situações, já que esse tipo de atividade tem como foco a autonomia das crianças.”

Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, de São José dos Campos (SP)
No fim: a aprendizagem
Os dois caminhos trilhados – a dupla conceitualização e a tematização da prática – se encontram no fim. Bem trilhados, levam à aprendizagem dos alunos. Ao reconhecer que os professores podem (e devem) construir continuadamante a reflexão sobre a prática e de que a base dos processos formativos são os conhecimentos didáticos que decorrem desse processo, o coordenador é capaz de fazer uso das estratégias de maneira a produzir uma escola dinâmica, independente e capaz de se adaptar constantemente às mudanças e exigências dos processos de ensino e aprendizagem.
Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a prática. É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto pedagógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial, por meio da sistematização do que ocorre em sala de aula. “Ao se tornar um formador, dominando as estratégias e o conhecimento didático, o coordenador assume sua responsabilidade e seu papel decisivo para a aprendizagem dos alunos”, finaliza Regina Scarpa.
* Leitores que sugeriram a reportagem: Márcia Maria da Silva, São Paulo, SP, Adailza de Souza Melo, Presidente Médici, RO, Gilza Carvalho Soares, Ipatinga, MG, Pedro Garcia Coitinho, Portão, RS, Márcia Siqueira Cabral, Anápolis, GO
BIBLIOGRAFIA
Ensinar: Tarefa para Profissionais
, Beatriz Cardoso (org.), 406 págs., Ed. Record, tel. (21) 2585-2000, 46 reais
Era Assim, Agora Não: Uma Proposta de Formação de Professores Leigos, Regina Scarpa, 132 págs., Ed. Casa do Psicólogo, (11) 3034-3600, edição esgotada
Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário, Delia Lerner, 128 p., Ed. Artmed,





[1] Reportagem da revista NOVA ESCOLA – junho 2009