SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE LEITURA E ESCRITA 2012
ATPC em Rede - Formação Colaborativa e Complementar
Responsáveis
pela comunicação
PC:
Nivalda Maria Santos Camargo
PC:
Célia Regina da Silva
PC:
Paula Carolina Maura Torres Varesqui
Supervisora:
Nice Delacalle
Dirigente:
José Carlos Francisco
DIRETORIA DE ENSINO - REGIÃO DE LESTE 4
ATPC[1] em Rede - Formação
Colaborativa e Complementar
Participantes
do grupo e autores do trabalho
PC: Nivalda Maria Santos Camargo
PC: Célia Regina da Silva
PC: Paula Carolina Moura Torres Varesqui
PC:Rosangela Dias
PC:Suzani de Moraes Nascimento
PC:Renata Alves de Souza Grossi
PC:Rosa Maria Torres
EIXO
TEMÁTICO 6: Formação
DURAÇÃO: a
partir de junho de 2011 - 1 vez por mês,
aproximadamente.
PÚBLICO
ALVO: professores, alunos.
Justificativa
O
presente trabalho traz uma prática de estudo e aprofundamento da formação de
alguns professores coordenadores da rede Estadual de São Paulo, zona leste, DE
Leste 4, que criaram um espaço alternativo de formação e planejamento da ação
em ATPC.
As
formações oferecidas pelo Núcleo Pedagógico e as trocas de experiências
acontecidas nesses encontros, garantindo reflexão sobre a didática e os
conteúdos envolvidos nas práticas de linguagem de leitura e escrita, porém não
davam conta de sanar todas as nossas necessidades como PC. À gestão de tempo na
escola, priorização dos conteúdos para formação em cada unidade escolar entre
outras necessidades pontuais da função de PC. Havia a necessidade de mais
estudo e aprofundamento para dar base ao trabalho a ser desenvolvido nas
escolas. O tempo era escasso, nos momentos de formação, para tirar todas as
dúvidas ou dar segurança a respeito de como agir para conquistar nossos professores,
pois são eles que fazem a diferença juntos aos alunos. Assim, tivemos a idéia
de nos reunirmos num grupo menor, além do dia da formação na diretoria.
O
trabalho organiza-se com encontros colaborativos e surgiu inicialmente a partir
da necessidade de formação pedagógica de um grupo de novas coordenadoras que
ingressaram na rede em 2011.
Objetivos
• Planejar
pautas de formação e atividades a serem desenvolvidas com os professores
nas ATPC.
• Aprofundar os conhecimentos do grupo, tanto
em relação aos conteúdos de leitura e escrita, quanto na didática de formação
com vistas a melhorar o desempenho dos alunos.
• Enriquecer a prática de formação dos
professores através de ações pontuais e coletivas em todas as U.E.
• Realizar trocas de experiências sobre a
função do coordenador e ações realizadas nas escolas.
Síntese dos encontros
1. Conversa aberta sobre as dificuldades de cada
PC e o perfil de sua escola;
2. Utilização das sondagens como meio de obtenção
de informação sobre os saberes dos alunos para a intervenção do professor, ou
seja, o passo a passo, para o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos, a
organização do portfólio, que é um dos principais instrumentos norteadores do
acompanhamento do processo de aprendizagem;
3. Produção de pautas de HTPC (2011), ATPC
(2012), registros reflexivos e ações para obter resultados em sala de aula.
Reflexão sobre a diferença entre “repassar pautas formativas e formar
professores”;
4. Acompanhamento de sala de aula, como fazer e
não ofender o professor (observar a classe que tem mais dificuldade e professor
que precisa de ajuda...). O que fazer quando o professor não consegue realizar
a atividade;
5. Planejamento de ATPC sobre a Importância da
revisão de textos coletivos (avanços positivos e oportunidade para todos os
alunos);
6. Organização da Recuperação Continua através
do “Projeto Dia Diferente”, visando alfabetizar todos os alunos e consolidar a
alfabetização;
7. 2º semestre de 2012: planejamento e análise
de atividades: leitura colaborativa, roda de Jornal e trabalho com carta de
leitor.
Relato
reflexivo
No
primeiro encontro as coordenadoras Célia, Nivalda e Maria do Carmo, que já tinham mais
experiência na coordenação e já se reuniam em encontros formativos desde 2009,
iniciaram o trabalho de orientação sobre conteúdos e práticas pedagógicas com
as novas PC em 2011. Esses encontros proporcionavam conhecer a realidade de
outras escolas, pois a formação acontecia cada vez numa escola, selecionada
previamente.
A
partir do segundo encontro, do referido ano, montamos um grupo virtual de troca
de e-mails e um Blog com conteúdos, pautas e atividades a serem desenvolvidas
com os professores nas ATPC.
Nesses
primeiros encontros discutimos o que deveria fazer parte da rotina de um PC e
também organizamos o trabalho de formação, junto aos professores. Começava aí
nosso trabalho colaborativo de reflexão, aprendizado, e troca de experiências,
usando a tecnologia em favor da nossa atuação e formação. O distanciamento em
relação aos problemas analisados na escola, bem como, a parceria com outras
coordenadoras proporcionava-nos, aos poucos, uma clareza maior sobre como agir
dentro da realidade de cada escola.
Essa
prática refletiu positivamente no trabalho de formação dos professores, pois o
grupo de novos PC adquiriu maior segurança e desenvoltura em suas formações, o
que passou a interferir positivamente, também, na prática docente em sala de
aula.
“Passamos por muitas mudanças em relação à postura
de formadores, pois a partir da troca de experiências com os novos PC todos
aprendiam! Mesmo nós do grupo mais antigo percebemos depois que o papel de
formador de professores não estava claro e vinha sendo assumido a bem pouco
tempo por nós. As reflexões, sobre a prática, em conjunto, nos possibilitaram
avaliar e rever as formações dadas aos professores, visto que passamos a fazer
o movimento reflexivo com mais clareza e segurança, tanto quando planejávamos
juntas, quanto quando atuávamos nas escolas dos PC novos”.
Célia Regina.
Além
disso, atingimos algo não esperado: prática de formação semelhante em várias
escolas, cuja repercussão é possível verificar a partir da comunicação entre
professores das escolas participantes do grupo de formação complementar.
Sobre os últimos
encontros de 2012: o planejamento do trabalho com leitura de notícias
Com a intenção de implementar o que
aprendemos na formação, sabendo que a leitura colaborativa/compartilhada é uma
atividade que favorece a circulação de informações sobre as estratégias
utilizadas pelos diferentes leitores para atribuir sentido a um texto,
realizamos várias atividades nas escolas com os professores e alunos e a cada
leitura realizada, discussão no grupo de PC ou troca de informações por email,
aprendíamos um pouco sobre esta modalidade de leitura.
Passamos
a perceber que leitura colaborativa é um meio poderoso para fazer com que
leitores passivos sejam envolvidos na atividade e participem ativamente do
processo de construção e checagem de hipóteses, da formação de opinião e da
construção de conhecimento propriamente dito. Segundo Kátia Lomba Bräkling,
(2002) “se observarmos a nossa própria leitura, perceberemos que não lemos todo
texto da mesma forma. Nem lemos um texto conhecido, em momentos diferentes, da
mesma maneira: o que define as leituras, ou seja, os sentidos que vamos
construir a respeito do texto, são as finalidades que temos ao ler esse ou
aquele texto, determinando procedimentos diferentes para as mesmas”.
Na
EE Liberato, por exemplo, a leitura de notícias foi realizada em todas salas,
inclusive no primeiro ano. No entanto, a mesma atividade programada para uma
turma de alunos maiores, não surtiu o mesmo efeito na adaptação feita no
primeiro ano, visto que não se levou em consideração a maturidade das crianças,
o contato e envolvimento com o tema abordado e, principalmente, não foi previsto que o número e o tipo de
questionamentos, ao longo da leitura, poderiam provocar a perda de interesse e
a falta de concentração em crianças menores.
Percebemos
que ainda falta muito para que a leitura colaborativa cumpra sua real função.
Verificamos que é fundamental nos aprofundarmos nos estudos e análises das
aulas gravadas, levando a reflexão para o ATPC de modo que as formações sejam
capazes de repertoriar o professor, dando-lhe apoio para realizar as atividades
em sala com maior clareza de seu papel.
Nos
encontros do 2º. Semestre deste ano, preparamos a leitura colaborativa de
notícias para realizar no A.T.P.C com nossas professoras. Durante a preparação
da leitura colaborativa o grupo pensou nas paradas e nas perguntas que iríamos
fazer para os professores (anexo 1).
A
atividade de leitura foi implementada por nós em nossas escolas e vejam as
reflexões que as Professoras
Coordenadoras nos trouxe sobre o trabalho na ATPC:
Paula
da EE Prof. Artur Chagas
“Durante
a leitura colaborativa desta noticia fui percebendo que as perguntas que
elaboramos não deram conta, pois não propiciaram a mobilização de determinados
procedimentos e capacidades de leitura, durante a discussão, os professores, ativaram
o conhecimento prévio e colocaram suas opiniões sobre o tema. Contudo, algumas
vezes ficavam na discussão da opinião pessoal de cada um, ou seja, não
recorreriam ao texto para sustentar suas argumentações. Em alguns momentos eu
tinha que lembrá-los de voltar ao texto. Percebi que os professores
compreenderam o conteúdo da notícia, refletiram sobre questões ambientais,
saúde, qualidade de vida, segurança no transito, projeto desenvolvido pelo CEU,
mas faltou solicitar a sustentação das respostas levantadas por eles. O jeito
como a atividade foi planejada levava-os para fora do texto”.
A
Paula também nos trouxe um relato de uma professora que realizou a atividade
com a mesma noticia no dia seguinte ao A.T.P.C com sua classe. Analisando o relato ela nos informou: “pude
confirmar através do relato da professora que teria que retomar com o meu grupo
a leitura colaborativa, pois há muitos equívocos: notei que ela foi fazendo um
questionário, sem articular as respostas dos alunos com as informações do
texto, o trabalho ficou com foco no vocabulário”.
Com
a PC Renata, – E.E. Wilfredo Pinheiro
não foi diferente: “No ultimo encontro, verifiquei que tive as mesmas
dificuldades das minhas amigas PC não consegui implementar uma boa interação na
hora de formar os professores. Fiz o
planejamento que parecia ótimo, bem organizado, com as perguntas o local de
parar, porém na ATPC, os professores fizeram outras questões, queriam discutir
o tema pelo tema, puxei para o meu planejamento, contornei até levá-los ao
texto novamente, assim eles refletiram e completaram a sequência didática com mais algumas perguntas, mas observei que
tinha problemas na proposta”.
Conversamos
no nosso grupo, retomamos o texto trabalhado pela nossa formadora Marly “As
modalidades Didáticas de Trabalho com Leitura – a leitura colaborativa, do MEC
INEP” e, durante o nosso encontro, percebemos que tínhamos preparado perguntas
que não levaram os professores a utilizarem procedimentos e capacidades de
leitura, pensamos em retomar, com os professores, o planejamento da leitura da
noticia, ou seja, tínhamos que pensar em questionamentos que propiciassem:
inferência, antecipação, localização, checagem e também trabalhar outros
aspectos do texto ex: porque o repórter
usou aspas, o que ele quis dizer com a palavra cardume, cardume e comboio de
bike tem alguma relação? Como você percebeu? etc. Outra reflexão importante foi
pensar que a cada leitura temos que prestar atenção nas falas dos participantes
para ir articulando o que dizem com o que está escrito e isso não é tão
simples. Ou seja, por mais que planejamos a leitura colaborativa, o momento da
interação com o aluno é que dá a direção do trabalho, que indica em que momento
é bom parar ou explorar mais a atividade.
“Exercer
as práticas de leitura e escrita é condição necessária para poder refletir
sobre elas. É fundamental evitar que fazer e pensar sobre o fazer sejam
substituídos por um simples “falar daquilo” que seria necessário fazer ou sobre
o qual seria necessário refletir”. Lerner, 2002:65.
Ao
longo de nossos encontros discutimos a necessidade de ir além da
conceitualização, resolvemos aplicar na prática a leitura colaborativa, ou
seja, não nos limitamos a explicar aos professores como deveria transcorrer uma
leitura, passamos a mostrar como deveria transcorrer essa leitura.
Finalizando
esta reflexão podemos dizer que após cada discussão, planejamos leituras
colaborativas que seriam trabalhadas diretamente com os professores. Esse
movimento de reflexão-ação tirou várias dúvidas dos nossos professores, que, um
pouco mais preparados, passaram a desenvolver leituras colaborativas que
realmente trabalhassem as capacidades de leitura nos alunos.
Ao
longo deste trabalho percebemos grandes avanços nos alunos, que passaram a
participar mais e emitir opiniões com maior fundamentação, etc. Além disso, os
professores também passaram por mudanças, ou seja, há um domínio maior em
relação às atividades de leitura colaborativa, os questionamentos estão mais
bem elaborados, a escolha dos textos demonstra que há uma preocupação maior em
relação à aprendizagem e desenvolvimento do comportamento leitor de nossos
alunos.
Abaixo,
segue tabela comparativa do IDESP 2010 e 2011 de algumas escolas participantes
da formação complementar:
ESCOLAS
|
IDESP
2010
|
IDESP
2011
|
E.E. PROF. ARTHUR CHAGAS
|
3,89
|
3,95
|
E.E. PROF. ANTENOR SANTOS DE OLIVEIRA
|
2,83
|
3,05
|
E.E. PROF. VICTÓRIO AMÉRICO FONTANA
|
4,07
|
4,34
|
E.E. PROF. WILFREDO PINHEIRO
|
3,26
|
4,35
|
E.E. PROF. LIBERATO GROSSI
|
5,63
|
5,06
|
E.E. JORNALISTA PROF. EMIR MACEDO NOGUEIRA
|
4,39
|
4,32
|
Sabemos
que os dados quantitativos não refletem tudo o que já avançamos, mas parecem
indicar que estamos no caminho. O mais importante é que todos aprenderam: os
alunos, os professores e, principalmente nós, como coordenadoras: aprendemos muito.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRAKLING, Kátia Lomba.
Sobre a leitura e a formação de leitores. São Paulo: SEE: Fundação Vanzolini,
2004.
___________ Modalidades
didáticas de ensino e tipos de atividades. Assessoria, Programa Ler e Escrever
2007.
LERNER,
Délia. Ler e escrever na escola. O real, o possível e o necessário. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
ROJO,
Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE:
CENP, 2004. Disponível em: http://deleste2.edunet.sp.gov.br/htpc2012/pc1_letramento.pdf
___________ Modalidades
didáticas de ensino e tipos de atividades. Assessoria, Programa Ler e Escrever
2007.
Anexo 1
Planejamento de uma atividade de
leitura colaborativa
Notícia:
“Estudantes ganham bicicletas para ir e voltar da escola e têm aula sobre
ciclismo” Folha de São Paulo 19/08/2012.
Objetivo:
desenvolver uma vivência de leitura colaborativa com os professores para que
realizem com os alunos.
Deveríamos
ler para os professores o título da reportagem, apresentar o nome do jornal e a
data da noticia. Antecipar com os professores se alguém pode imaginar do que a
noticia vai falar.
1ª parada: após a leitura do primeiro
parágrafo da noticia – Do que vocês acham que vai tratar a noticia? Vocês
mudaram de ideia ou continuam imaginando a mesma coisa?
2º parada: ler mais uma pouco da
noticia para os professores e parar antes da fotografia – Vocês já tomaram
ciência, ou conhecem este projeto? Quem é a favor do ciclista urbano no
dia-a-dia da nossa cidade e por quê? Você considera uma atitude adequada para
melhorar o trânsito e o deslocamento das pessoas na cidade?
3º parada – continuar lendo a noticia
até o final e propor outras questões durante a discussão.
O que vocês acham das etapas do projeto
que antecedem a saída das crianças? Projetos como estes contribuem para a
educação do trânsito e evitam futuros acidentes?
A noticia propicia levantar com os
alunos outras reflexões (meio ambiente/ saúde)? Como?
[1]
Este nome foi inspirado na sigla ATPC que significa Aula de Trabalho Pedagógico
Coletivo e numa ação de videoconferência
em horário de ATPC, realizada pela Diretoria de Ensino Leste 4.
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