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quarta-feira, 14 de março de 2012

Ação de Formação do Ensino Fundamental/Anos Iniciais - Ler e Escrever

PAUTA 03 –  15/03/2012           Grupo PC  1                          Duração: 04 horas

Formadora: Marly Barbosa
Objetivos do Encontro
§  Refletir sobre os conteúdos envolvidos na prática de leitura compartilhada/colaborativa.
§  Analisar atividades de leitura, explicitando as capacidades mobilizadas.
§  Discutir a diferença entre atividades de leitura para ensinar a ler e atividades com o propósito de avaliar a leitura e qual é o papel da escola nesta tarefa.

Conteúdos

  • Leitura colaborativa
  • Conteúdos envolvidos na prática de leitura
  • Papel do professor na formação de leitores

1ª. Atividade: Leitura pelo PC Marcos
Indicações literárias.
2ª Atividade: Leitura do registro do encontro anterior pela Beth.
Responsável pelo registro do dia: Sadete
3ª Atividade: retomada do trabalho pessoal leitura “Sobre leitura e formação de leitores: Qual é a chave que se espera? Kátia Bräkling.
Encaminhamento:
Coletivamente, recuperar alguns conceitos do texto com tomada de notas.
4ª Atividade: Planejamento e realização de leitura colaborativa
Encaminhamento
a)    Retomada do planejamento nos grupos.
b)    Retomada do registro do percurso realizado pela formadora, no encontro anterior, durante a leitura do texto: “a mão que ativa o cérebro”.
c)    Apresentação da leitura, com registro do percurso por um integrante do grupo.

5ª Atividade: Solicitar que, individualmente, leiam o texto de Lerner “Explicitar os conteúdos envolvidos nas práticas” assinalando os trechos que acharam  mais importante.
a)    Em duplas, procure listar quais comportamentos leitores foram colocados em prática pela formadora e pelos grupos durante a leitura compartilhada/colaborativa que foram realizadas. Discutam: qual a importância dessa atividade para o desenvolvimento dos comportamentos, capacidades e procedimentos leitores?
b)    Socializar as discussões, procurando retomar trechos do texto, a fim de esclarecer possíveis dúvidas.
5ª Atividade: Análise de questões de leitura do Saresp/Prova Brasil
1)    Em grupos, solicitar que leiam e analisem as questões, procurando identificar quais habilidades/capacidades de leitura os alunos precisam mobilizar para responder adequadamente essas questões? (Ou seja, o que os alunos precisam saber fazer para responder adequadamente as questões de leitura?)
2)    O que é preciso que o professor faça para que os alunos aprendam a desenvolver essas capacidades de leitura?

3)    Após termos realizado essas discussões é possível estabelecer diferenças entre as atividades de avaliação de leitura e as que têm por objetivo ensinar a ler? Quais as diferenças?

6ª Atividade: Trabalho Pessoal
  1. Reler o texto de Lerner.
  2. Estudar  um trecho do texto de Antonio Augusto Batista: Alfabetização, leitura e ensino de Português: desafios e perspectivas curriculares- item: Perspectivas curriculares para o desenvolvimento da leitura e da compreensão da página 9 em diante (anexo 2), fazer destaques no texto e um registro em seu caderno dos pontos interessantes para o seu trabalho na escola.
  3. Retomar o registro da conversa com os professores sobre a fluência leitora das crianças e trazer.


















Anexo 1
EXPLICITAR CONTEÚDOS ENVOLVIDOS NAS PRÁTICAS

                                                                                                                    Delia Lerner[1]
            Escolarizar práticas sociais é um desafio, porque – como assinalamos no primeiro capítulo – as práticas são totalidades indissociáveis e, portanto, dificilmente seqüenciáveis, porque têm muitos componentes implícitos que não podem ser transmitidos oralmente e que só podem ser comunicados quando elas são exercidas, porque envolvem, às vezes, distribuições desiguais entre os grupos sociais...
            “Aprende-se a ler, lendo” e “aprende-se a escrever, escrevendo” são lemas educativos que expressam o propósito de instalar as práticas de leitura e escrita como objeto de ensino. Apesar de esses lemas estarem, hoje, muito difundidos, sua concretização na atividade cotidiana da sala de aula é ainda pouco freqüente. A que se deve essa distância entre o que se tenta fazer e o que efetivamente se faz? Entre as razões que a explicam, há uma que é fundamental considerar ao planejar um currículo: não é suficiente – da perspectiva do papel docente – reconhecer que se aprende ler, lendo (ou a escrever, escrevendo), é imprescindível, além disso, esclarecer o que é que se aprende quando se lê ou se escreve em aula, quais são os conteúdos que se estão ensinando e aprendendo ao ler ou a escrever.
            Explicitar os conteúdos envolvidos nas práticas de leitura e escrita é, então, uma responsabilidade iniludível dos que elaboram documentos curriculares. Ao explicitá-los, será possível reduzir a incerteza que os professores experimentam diante da perspectiva de dedicar muito tempo escolar para exercer essas práticas, porque é essa elucidação que lhes pode permitir apreender quais são os conhecimentos que se mobilizam ao exercê-las, quais conteúdos seus alunos podem aprender enquanto atuam como leitores e escritores.
            Agora, como aclarar os conteúdos? Como objetivar aqueles aspectos das práticas que são impossíveis de transmitir verbalmente? Considerar que o objeto de ensino se constrói tomando como referência as práticas de leitura e escrita supõe – se notou – determinar um lugar importante para o que os leitores e escritores fazem, supõe conceber como conteúdos fundamentais do ensino os comportamentos do leitor, os comportamentos do escritor.
            Ao instituir como conteúdos escolares as atividades exercidas por leitores e escritores na vida cotidiana, consideram-se duas dimensões: por um lado, a dimensão social – inter-pessoal, pública – a que alude D.Olson quando se refere a “comunidade textual” e, por outro lado, uma dimensão psicológicapessoal, privada.
            Entre os comportamentos do leitor que implicam interações com outras pessoas acerca dos textos, encontram-se, por exemplo, as seguintes: comentar ou recomendar o que se leu, compartilhar a leitura, confrontar com outros leitores as interpretações geradas por um livro ou uma notícia, discutir sobre as intenções implícitas nas manchetes de certo jornal... Entre os mais privados, por outro lado, encontram-se comportamentos como: antecipar o que se segue no texto, reler um fragmento anterior para verificar o que se compreendeu, quando se detecta uma incongruência, saltar o que não se entende ou não interessa e avançar para compreender melhor, identificar-se com o autor ou distanciar-se dele assumindo uma posição crítica, adequar a modalidade de leituraexploratória ou exaustiva, pausada ou rápida, cuidadosa ou descompromissada... – aos propósitos que se perseguem e ao texto que se está lendo...    
            Quanto os comportamentos do escritor, a distinção entre o que é compartilhado e o que é privado é menos nítida, talvez porque a escrita seja mais solitária do que a leitura, mas, ao mesmo tempo, obriga quem a exerce a ter constantemente presente o ponto de vista dos outros, dos futuros leitores. Planejar, textualizar, revisar mais de uma vez... são os grandes comportamentos do escritor, que não são observáveis exteriormente e que acontecem, geralmente, em particular. No entanto, decidir os aspectos do tema que serão tratados no texto – uma atividade mais específica envolvida no processo de planejamento – supõe determinar qual é a informação que é necessário dar ao leitores e qual se pode omitir, porque é previsível que estes já a manejem ou possam inferi-la, quer dizer, supõe considerar os prováveis conhecimentos dos destinatários. Evitar ambigüidades ou mal-entendidos – uma atividade envolvida no processo de textualização/revisão – implica, ao mesmo tempo, uma luta solitária com o texto e um constante desdobramento do escritor que tenta imaginar o que sabe ou pensa o leitor potencial... As exigências desse desdobramento levam o escritor a pôr em ação outras atividades nas quais se introduz mais claramente a dimensão interpessoal: discutir com outros qual é o efeito que se aspira produzir nos destinatários através do texto e quais são os recursos para consegui-lo; submeter à consideração de alguns leitores o que se escreveu ou se está escrevendo...
            Por outro lado, comportamentos que pertencem à esfera mais íntima do escritor, quando a produção é individual, passam a ser também interpessoais – sem deixar de ser pessoais – quando a produção é grupal. Escrever com outros obriga a debater, para que sejam tomadas decisões consensuais acerca dos múltiplos problemas de que a escrita apresenta. Desse modo, questões que poderiam parecer implícitas quando se escreve solitariamente constituem-se em objetos de reflexão.
            Agora, o que foi dito até aqui pode permitir estabelecermos que:
1.    Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos – e não tarefas, como se poderia acreditar – porque são aspectos do que se espera que os alunos aprendam, porque se fazem presentes na sala de aula precisamente para que os alunos se apropriem deles e possam pô-los em ação no futuro, como praticantes da leitura e da escrita.
2.    O conceito de “comportamentos do leitor e do escritor” não coincide com o de “conteúdos procedimentais”. Enquanto estes últimos se definem por contraposição com os conteúdos “conceituais” e “atitudinais” – no quadro de uma classificação muito difundida atualmente -, pensa em “comportamentos” como instâncias constituintes das práticas da leitura e escrita supõe contemplar essas três dimensões, mas sem compartimentá-las. Realmente, uma atividade como “atrever-se a ler textos difíceis” – para darmos um exemplo a que logo voltaremos a nos referir  - supõe indubitavelmente uma atitude de confiança em si mesmo como leitor, supõe também a mobilização de estratégias tais como ler, em primeiro lugar, o texto completo, para construir uma idéia global de seu sentido, fazer uma segunda leitura mais detida, saltar o que não se entende e voltar a isso com os elementos recolhidos na nova leitura, fazer hipóteses em função do contexto sobre        o significado das palavras desconhecidas, em vez de procurá-las sistematicamente no dicionário ou de ficar fixado nelas, recorrer a outros textos que possam proporcionar elementos para a compreensão do que se está lendo... Pôr em ação essas estratégias implica necessariamente, de maneira indissociável, mobilizar os conhecimentos que já se tem – e que são pertinentes para aprofundar a compreensão – acerca do tema tratado no texto, do autor e suas prováveis intenções, do gênero... É assim que, em um mesmo comportamento, podem confluir o atitudinal, o procedimental e o conceitual.
Finalmente, é preciso assinalar que, ao exercer o comportamento de leitor e de escritor, os alunos têm também a oportunidade de entrar no mundo dos textos, de se apropriar dos traços distintivos – mais ou menos canônicos – de certos gêneros, de ir detectando matizes que distinguem a “linguagem que se escreve” e a diferenciam da oralidade coloquial, de pôr em ação – enquanto praticantes da leitura e da escrita – recursos lingüísticos aos quais é necessário apelar para resolver os diversos problemas que se apresentam ao produzir ou interpretar textos... É assim que, ao atuar como leitores e escritores, os alunos têm a oportunidade de se apropriar de conteúdos lingüísticos que adquirem sentido nas práticas de leitura e escrita, progressivamente, se transformam em fonte de reflexão metalingüística.



[1] Lerner, Delia.  Ler e escrever na escola. O real, o possível e o necessário. Porto Alegre (RS): Artmed; 2002 (pp. 61-64).

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